A tabela OXIGÉNIO
A informação sobre os requisitos de oxigénio é importante na cultura de peixes |
O metabolismo é um processo fisiológico que reflecte o dispêndio de energia de um organismo vivo e por isso os seus requisitos alimentares (nos heterotróficos). A taxa metabólica de um peixe é geralmente medida pela sua taxa de respiração, i.e, a taxa de consumo de oxigénio (Fig. 45). A informação sobre o consumo de oxigénio não só é útil em fisiologia comparativa, como em cultura de peixes e gestão de pescas. Fornece soluções de problemas associados com a rarefacção do peixe ou transporte de peixe vivo, entre outros (Froese, 1988) (Caixa 22).
A tabela OXIGÉNIO documenta o consumo de oxigénio de peixes, baseada em experiências publicadas, juntamente com factores conhecidos ou sabidos que afectam a taxa metabólica, tais como o peso do corpo, temperatura, salinidade, concentração de oxigénio, nível de actividade e velocidade de natação e stress aplicado. Detalhes adicionais de experiências, tais como número de peixes e outras informações, encontram-se no campo comentários. Os campos seguintes fornecem detalhes sobre os factores acima mencionados.
Consumo de oxigénio: O consumo de oxigénio de um peixe é dado em mg.kg-1h-1. Se o consumo foi apresentado noutra unidade, é transformado em mg de oxigénio por kg de peixe por hora. Adicionalmente um campo computorizado é incluído, no qual, o consumo de oxigénio a temperaturas entre 5 e 30ºC é expresso no valor correspondente de consumo a 20ºC, o qual é baseado na tabela 3.3 em Winberg (1971).
Sexo: É um campo de escolha múltipla consistindo em: Fêmeas; machos; mistura(ambos os sexos); sem sexo (para sexo desconhecido).
Peso: Refere-se ao peso em gramas do organismo testado. Se a experiência foi realizada com mais de um peixe, é utilizado o peso médio em gramas.
Número: Refere-se ao número total de peixes utilizados na experiência.
Temperatura: É a temperatura média da água, em ºC, durante a experiência.
Salinidade: É a salinidade média em permilagem (0/00) durante a experiência. Se a salinidade não foi indicada, assume-se que para espécies marinhas é de 35 por mil e 0 por mil para espécies de água doce. Para peixes diádromos esta suposição é salientada no campo Comentários.
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Fig. 45. Consumo relativo de oxigénio de Oreochromis niloticus niloticus comparado com as restantes espécies. Repare no declive descendente da nuvem de pontos e nas séries verticais de valores obtidos para diferentes stress aplicados. |
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Oxigénio (mmHg): Refere-se à pressão parcial do oxigénio na água da experiência em mmHg. Quando este valor não é dado na referência original, é estimado a partir da descrição da metodologia experimental, da mesma forma que Thurston & Gehrke (1993). Estes autores propõem correcções similares para a temperatura e salinidade da água da experiência.
Oxigénio (mg/l): Este campo dá concentração de oxigénio da água da experiência em mg.l-1. Se já existe uma entrada no campo de oxigénio (em mmHg) este valor não é retirado da literatura, mas calculado a partir dos valores em mmHg, usando a seguinte transformação:
onde b
é o coeficiente de Bunsen para oxigénio a uma dada temperatura e salinidade (Colt, 1984).
Saturação a 100% de oxigénio: Este campo existe, apenas para propósitos de referência. Dá o oxigénio máximo calculado, em mg/l, da água a uma dada temperatura e salinidade.
Percentagem de saturação: Este campo expressa, apenas como referência, o conteúdo actual de oxigénio da água experimental, como percentagem do teor máximo possível de oxigénio. Os níveis de saturação típicos são de cerca de 90%. Os valores inferiores a 70% são considerados como "hipoxia", os valores superiores a 105% como "supersaturação"(ver stress aplicado).
Nível de actividade: É um campo de escolha que permite entrar em conta com o efeito da actividade na taxa metabólica. As escolhas disponíveis para este campo são: metabolismo padrão (peixe em descanso); metabolismo de rotina (actividade espontânea do peixe); metabolismo activo (peixe em natação).
Velocidade de natação: Refere-se à velocidade de natação do peixe como outro índice de actividade. A velocidade é representada como (ou convertida) em comprimento do corpo por segundo (BL/s) com "BL" correspondendo ao comprimento total (TL) ou comprimento do corpo (FL).
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A tabela OXIGÉNIO contém a maior colecção de dados sobre o metabolismo dos peixes. |
Stress aplicado: É um campo de escolha que mostra o stress aplicado antes e durante a experiência. As escolhas incluem: não especificado; temperatura (mudanças ou valores extremos); fotoperíodo (duração invulgar ou tempo de exposição à luz); alimentação (duração ou antes de experiência); jejum (supressão de comida por mais de 24 horas); toxinas; hipoxia(oxigénio insuficiente); hipercapnia (quantidade excessiva de dióxido de carbono no sangue resultante de uma natação mais rápida forçada); salinidade; valores elevados de pH; valores baixos de pH; sedativos; transporte; outras formas de stress. Se a escolha for "outros", o stress deve estar especificado no campo Comentários.
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Utilizações |
A tabela OXIGÉNIO pode ser utilizada para: testar hipóteses nas relações entre as diferentes actividades e stresses aos quais o peixe é exposto; estimar consumo de energia (alimento) em modelos tróficos; e para relacionar crescimento, morfologia e taxas de metabolismo, entre outras coisas.
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Fontes |
A tabela OXIGÉNIO contém provavelmente a maior colecção de dados de consumo de oxigénio de peixes, com cerca de 7000 registos de cerca de 300 espécies. A informação foi obtida de mais de 400 referências tais como Winberg (1960), Congleton (1974), Gorelova (1977), Marais (1978), Subrahamanyam (1980), Neumann et al. (1981). Destes dados, 6400 vêm da base de dados "OXYREF" compilada por Thurston & Gehrke (1993), enquanto que o resto foi adicionado pela equipa da FishBase.
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Estado |
A verificação foi feita indo à literatura original e verificando os valores e outra informação relevante aí registada. No entanto, até à data, esta verificação foi apenas feita para algumas entradas. A equipa da FishBase irá continuar a adicionar novos dados e a verificar a informação entrada até agora.
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Como chegar lá |
Chega-se à tabela OXIGÉNIO clicando no botão Biologia na tabela ESPÉCIES, no botão Morfologia e Fisiologia na tabela BIOLOGIA e no botão Metabolismo na janela MORFOLOGIA E FISIOLOGIA. Se clicar duas vezes sobre uma das linhas na tabela LISTA DE ESTUDOS DE CONSUMO DE OXIGÉNIO poderá obter informação relativa ao estudo designado.
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Agradecimentos |
Estamos muito agradecidos a R. V. Thurston e P. C. Gehrke pela oferta da base de dados OXYREF para distribuição através da FishBase.
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Referências |
Colt, J. 1984. Computation of dissolved gas concentrations in water as functions of temperature, salinity and pressure. Am. Fish. Soc. Spec. Publ. 14, 154 p.
Congleton, J.L. 1974. The respiratory response to asphyxia of Typhlogobius californiensis (Teleostei: Gobiidae) and some related gobies. Biol. Bull. 146:186-205.
Froese, R. 1988. Relationship between body weight and loading densities in fish transport using the plastic bag method. Aquacult. Fish. Manage. 19:275-281.
Gorelova, T.A. 1977. Respiration rate of the fry of some tropical fishes. Polskie Archiwum Hydrogiologii 24(Suppl.):447-453.
Marais, J.F.K. 1978. Routine oxygen consumption of Mugil cephalus, Liza dumerii and L. richardsoni at different temperatures and salinities. Mar. Biol. 50:9-16.
Neumann, D.A., J.M. O’Connor and J.A. Sherk, Jr. 1981. Oxygen consumption of white perch (Morone americana), striped bass (M. saxatilis) and spot (Leiostomus xanthurus). Comp. Biochem. Physiol. 69A:467-478.
Subrahamanyam, C.B. 1980. Oxygen consumption of estuarine fish in relation to external tension. Comp. Biochem. Physiol. 67A:129-133.
Thurston, R.V. and P.C. Gehrke. 1993. Respiratory oxygen requirements of fishes: description of OXYREF, a data file based on test results reported in the published literature, p. 95-108. In R.C. Russo and R.V. Thurston (eds.) Fish physiology, toxicology, and water quality management. Proceedings of an International Symposium, Sacramento, California, USA, 18-19 September 1990. EPA/600AR-93/157.
Winberg, G.G. 1960. Rate of metabolism and food requirements of fishes. Minsk, USSR. Transl. Ser. Fish. Res. Board Can. 194, 1960.
Winberg, G.G. 1971. Methods for the estimation of production of aquatic animals. Academic Press, London. 175 p.
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