|
O conhecimento acerca da distribuição geográfica dos peixes é, em última análise, baseado e limitado a encontros registados entre o Homem e os peixes. Os taxonomistas têm, tradicionalmente, a seu cargo, a tarefa de colher, tão exaustivamente quanto possível, as espécies que ocorrem numa dada área, preservá-las de modo correcto, identificá-las, descrever formalmente as que são novas para a Ciência, depositá-las em Museus para referência e finalmente publicar os resultados de todas estas acções. A importância dum trabalho como este, como condição prévia para o nosso conhecimento da biodiversidade foi sublinhada recentemente (e.g., di Castri & Younès 1994; Froese & Pauly 1994; Froese & Palomares, 1995).
|
|
Contudo, outro tipo de "encontros" são aceitáveis para registos de ocorrências se puderem ou tiverem sido verificados, ou se a probabilidade de identificação incorrecta for remota. Estes "encontros" podem ser observações de mergulho autónomo, verificados por uma fotografia identificativa ou uma sequência de imagem em vídeo; registo de pesca desportiva verificadas por um especialista e apoiados em fotografias; cruzeiros de investigação onde as capturas são identificadas por especialistas; capturas industriais de espécies que são facilmente identificáveis; ou experiências de marcação com espécies bem conhecidas. A tabela ocorrências está preparada para guardar informação destas diferentes fontes de uma maneira standardizada.A base de dados Observações de Peixes (ver Bases de Dados Nacionais, Froese, neste volume) é um instrumento para registar estes "encontros" e torná-los utilizáveis pela FishBase.
Por último, acreditamos que todos os registos de ocorrência de peixes, antigos ou recentes, devem estar acessíveis aos investigadores através da FishBase. A análise destes dados pode melhorar o conhecimento acerca da biogeografia dos peixes. A identificação das áreas com elevada biodiversidade ou endemismos pode ajudar na conservação das espécies. Ao nível nacional permitirá repatriar dados armazenados noutros locais, assistir na avaliação de recursos e ajudar a estabelecer áreas protegidas (Froese & Pauly, 1994).
|
Status |
Hoje em dia, a tabela OCORRÊNCIAS possui mais de 300.000 registos de cerca de 9.300 espécies (veja Fig. 9) tiradas de mais de 200 referências. Incorporámos registos de colecções de peixes do Muséum National d'Histoire Naturelle (MNHN), e do Musée Royal de l'Afrique Centrale (MRAC).
|
|
Fig. 9. Mapa mundo das locais com colecções de peixes contidas na FishBase. Repare na menor cobertura existente na região norte e centro da Ásia e na Amazónia
|
|
|
Estamos também a tentar incluir toda a colecção de dados de peixes do British Natural History Museum (BMNH) e de muitos outros museus.
Também foram utilizados registos de ocorrência de outras bases de dados tais como os registos do Departamento de Zoologia da Universidade da Columbia Britânica, o Catálogo da Colecção da Academia das Ciências da Califórnia (CAS), e dados de amostragens nacionais e regionais, por ex. as documentadas por Vakily (1994), Künzel et al. (1996) e Pauly & Martosubroto (1996).
|
Antes de serem integrados na FishBase, estes dados sofrem um processo de validação e controlo |
Apesar de as fontes referidas acima serem em princípio fiáveis, é necessário verificar a sua qualidade. Os registos de museus, por exemplo, possuem frequentemente erros ortográficos e nomes desactualizados, que tem que ser confrontados e corrigidos com os nomes correctos.
Os dados de ocorrência fornecidos à FishBase são sujeitos a um processo de validação (descrito abaixo) antes de serem incorporados na base de dados. O trabalho necessário é variável e depende sobretudo do número de registos e do formato utilizado.
|
As nove etapas do procedimento para incluir dados de ocorrência são as seguintes: |
Importar os dados no formato Microsoft Access;
Confrontar nomes científicos com a FishBase, utilizando o procedimento para verificação de nomes Check Names (neste volume). Caso seja possível, atribuir automaticamente os nomes a espécies válidas da FishBase;
Para os registos de espécies válidas na FishBase:
Confrontar os nomes dos países fornecidos (norma ISO 3166-1, 1997): validação automática quando são válidos na FishBase. ao fornecedor dos dados.
Confrontar os nomes geográficos com as áreas estatísticas da FAO; atribuir automaticamente as áreas fornecidas às áreas FAO da FishBase.
|
As ocorrências de espécies são verificadas ou comparadas com as áreas conhecidas de distribuição |
Verificar a ocorrência de espécies atribuídas na etapa 4 nas áreas FAO: a) comparando com os registos das área FAO dessa espécie na FishBase, b) caso seja designado um país, verificar se o país pertence à área FAO, e c) caso sejam dadas as coordenadas, verificar se estas correspondem efectivamente à área FAO indicada. Enviar o relatório de registos duvidosos ou erróneos ao fornecedor dos dados. Solicitar referências sobre limites de distribuição.
Caso tenha sido designado um país, verificar a ocorrência da espécie no país por a) comparação com os países com registo para essa espécie na FishBase, e b) caso sejam fornecidas as coordenadas, verificar se estas "caem" dentro (dulçaquícolas) ou perto (marinhas) das fronteiras do país. Enviar o relatório de registos duvidosos ou erróneos ao fornecedor dos dados. Solicitar referências sobre limites de distribuição.
A partir dos resultados das etapas 2 a 6, a atribuição dum indicador da fiabilidade para cada registo (ver as escolhas no campo Validade, mais abaixo)
Apagamento de todos os registos da mesma fonte já anteriormente integrados.
Transferir os dados para a tabela OCORRÊNCIAS com indicação da fonte, as coordenadas do fornecedor de dados, e a data de transferência de cada registo.
|
Campos |
Os campos da tabela OCORRÊNCIAS são descritos seguidamente:
O nome usado na publicação ou no caso dum espécime dum museu, o nome escrito na etiqueta ou no catálogo é dado como referência. Este nome pode ser diferente (sinónimo ou não correcto) do nome válido na FishBase.
Um número de Catálogo ou número de colecção são dados disponíveis. Quando os nomes dos museus estiverem abreviados, o nome completo e o endereço podem ser chamados da tabela GLOSSÁRIO.
O campo Fotografia é utilizado quando o registo é documentado por intermédio de uma imagem do peixe. Este pode ser visualizado clicando duas vezes o campo.
A informação do local onde o espécime foi recolhido está organizada em vários campos:
A Localidade indica o nome do lugar ou da massa de água tal como está na etiqueta ou no catálogo.
A Estação dá o nome ou o número de código como foi designado no navio de investigação.
Um dicionário geográfico liga os nomes dos locais às respectivas coordenadas. O campo Dicionário Geográfico é uma primeira tentativa de normalizar os nomes dos locais na tabela ocorrência. Até agora só foi preenchida para 2.000 registos. Necessitamos de mais dicionários geográficos, de preferência digitalizados, para alcançar os nossos objectivos.
|
Latitude e longitude são o melhor método para indicar um lugar |
Latitude e Longitude são certamente o melhor método para descrever um local e são fornecidos sempre que exista o registo. As coordenadas são particularmente úteis porque permitem-nos descortinar rapidamente os locais de ocorrência (ver a secção no WinMap, Coronado & Froese, neste volume).
O País e a área FAO são dados como informação adicional para classificar e aceder ao local.
Os parâmetros ambientais são descritos pela Altitude, Profundidade, Salinidade e Temperatura.
A Data e a Hora e Tempo da captura são fornecidos.
Toda a informação sobre o espécimen capturado é fornecido nos seguintes campos: Comprimento e tipo de comprimento utilizado (no caso de ser mais do que um espécimen é dado o limite), Peso (no caso de vários exemplares é dado o peso médio), Número (dos espécimes capturados ou vistos), estádio de vida (ovo; larva; juvenil; adulto; juvenis e adultos) e Sexo (indeterminado, macho, fêmea, ambos).
A quantidade de indivíduos duma espécie na captura total é dada, em peso húmido, na Percentagem da captura.
|
A abundância duma espécie numa área é reportada |
A Abundância é classificada usando cinco graus: abundante (vistos sempre); comum (vistos usualmente); razoavelmente comum (50% de hipóteses de ser visto); ocasional (usualmente não visto); raro (poucas hipóteses de observação).
O campo Fundo e Engenho regista o tipo de substracto da área de captura e o engenho usado respectivamente. Mais informação sobre a captura pode ser obtida no campo Notas.
Os campos que identificam os colectores são: Navio (nome do navio oceanográfico que foi usado na expedição), Colector (nome da pessoa que recolheu o espécimen), e Identificação, (nome da pessoa que o identificou).
O campo Tipo fornece o status taxonómico do(s) espécimen(s), isto é, holótipo; sintipo; paratipo; lectótipo; cotipo; paralectótipo; neotipo; paratopótipo. O tipo de armazenamento utilizado para o espécime é identificado no campo Armazenamento.
O campo Tipo de Registo destingue as diferentes fontes de informação. Tem as seguintes hipóteses: arrasto; outro método; museu; local onde está o tipo; literatura; recaptura; pescaria; pesca desportiva; outra.
Quando existem dados de captura-recaptura estes são fornecidos com a seguinte informação: Data (captura), Latitude e Longitude (local captura), Comprimento (cm) e Peso (g) do espécime na altura de release.
|
Planeamos incluir ocorrências ex-situ |
Está planeado adicionar aos campos da tabela OCORRÊNCIAS as coordenadas do museu e mostrar o aquário que possui o espécimen e ligar estes registos à WinMap (FishBase e WinMap software, Coronado & Froese, neste volume).
|
Como chegar lá |
Clique o botão Limites na janela ESPÉCIES e o botão Ocorrências na janela LIMITES DE STOCKS. Alternativamente, pode clicar o botão Ocorrências na tabela INFORMAÇÃO PAÍSES. Para aceder à tabela OBSERVAÇÕES EM PEIXES clique o botão Bases de Dados Nacionais no MENU PRINCIPAL, e o botão Observações em peixes na janela BASE DE DADOS NACIONAIS.
|
Referências |
di Castri, F. and T. Younès. 1994. DIVERSITAS: Yesterday, today and a path towards the future. Biol. Int. 29:3-23
Froese, R. and D. Pauly. 1994. A strategy and a structure for a database on aquatic biodiversity, p. 209-220. In J.-L. Wu, Y. Hu, and E.F. Westrum, Jr. (eds.) Data sources in Asian-Oceanic Countries. DSAO, Taipei, 1994. CODATA, Paris.
Froese, R. and M.L.D. Palomares. 1995. FishBase as part of an Oceania biodiversity information system, p. 341-348. In J.E. Maragos, M.N.A. Peterson, L.G. Eldredge, J.E. Bardach and H.F. Takeuchi (eds.) Marine and coastal biodiversity in the tropical island Pacific region. Vol. 1. East-West Center, Honolulu, Hawaii.
Künzel, T., A. Darar and J.M. Vakily. 1996. Composition, Biomasses, et possibilités d'exploitation des ressources halieutiques djiboutiennes. Tome 1: Analyse, 63p. Tome 2: Données. Raport du projet DEP/GTZ. Direction de l'Elevage et des Pêches, Ministère de l'Agriculture et du Développement Rural, Djibouti, et Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ) GmbH, Eschborn, F.R. Germany. 296 p.
Pauly, D. and P. Martosubroto, Editors. 1996. Baseline studies of biodiversity: the fish resources of western Indonesia. ICLARM Stud. Rev. 23, 321 p.
Vakily, J.M. 1994. Sierra Leone Fishery Surveys Database System (FiDAS). Vol. 1. User Manual; Vol. 2 Technical Reference Handbook. IMBO, Freetown/ICLARM, Manila.
Rainer Froese, Rodolfo B. Reyes, Jr. e Emily
Capuli
|