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Como todos os animais heterotróficos, os peixes necessitam de alimento e oxigénio para a sua sobrevivência, crescimento e reprodução. Contudo, apesar de existir uma vasta literatura sobre alimento e hábitos alimentares dos peixes (incluída nas tabelas e gráficos da FishBase), existe muito menos informação sobre os orgãos e processos que permitem a extracção de energia destes alimentos.
O processo-chave é a respiração, e está referido em parte na tabela OXIGÉNIO. Os orgãos principais - as brânquias- são o tema da presente tabela.
Esta tabela apresenta a maior parte das medições de área branquial de peixes, publicadas até à data, i.e., medições da superfície que limita a entrada de oxigénio, e por isso limita também a taxa de metabolismo e de crescimento (Pauly 1979, 1981, 1994). A maior parte das informações provêm das compilações de Hughes & Morgan (1973), Jagger & Dekkers (1975), e Palzenberger & Pohla (1992).
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Hughes (1984) discute alguns dos problemas relacionados com a medição da superfície branquial e com a sua interpretação. Esse trabalho deve ser consultado antes de analisar a informação desta tabela. Pauly (1979, 1981, 1994) e Longhurst & Pauly (1987) apresentam elementos sobre uma teoria de crescimento de peixes, na qual a hipótese pode ser testada utilizando medições da superfície branquial. Algumas utilizações práticas desta tabela incluem estudos de poluição e ecotoxicologia.
A figura 48 mostra os registos de superfície branquial vs peso do corpo. No entanto, o declive inferior a 1 da curva bilogarítmica implica que a superfície relativa diminui com o peso do corpo.
Na figura 49 a relação bi-logarítmica mostra uma diminuição da área branquial relativa com o peso do corpo, com um declive de cerca da -0.2. Contudo, este gráfico esconde diferenças particulares de cada espécie, que são importantes no estudo da relação entre a área branquial e o crescimento (Pauly 1981).
Dadas estas diferenças será provavelmente necessário considerar os modos natatórios e e/ou a razão do aspecto da barbatana caudal.
Esperamos ter na FishBase um gráfico que relacione directamente o crescimento e a superfície branquial, tendo em conta estes factores.
O conteúdo desta tabela irá sendo actualizado, utilizando referências apropriadas. Qualquer sugestão da parte dos utilizadores sobre este assunto será bem-vinda.
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Fig. 48. Superfície branquial em função do peso corporal (271 registos para 110 espécies).
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Fig. 49. Relação entre a superfície branquial de Oncorhynchus mykiss e o peso do corpo, comparada com as restantes espécies. Pontos claros: todos os dados; Pontos escuros: registos para a truta arco-íris.
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Campos |
O campo chave desta tabela é superfície branquial (em cm2), que está sempre relacionada com o peso do corpo (em g).
Um campo para a variável daí derivada, superfície branquial/peso do corpo (em cm2/g), está também disponível, assim como um campo para a distância sangue/água, i.e., espessura do epitélio branquial (em nm).
O campo Notas, permite comentários sobre a metodologia, assim como outros comentários.
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Como chegar lá |
Chega-se à tabela SUPERFÍCIE BRANQUIAL clicando no botão Biologia na tabela ESPÉCIES, no botão Morfologia e Fisiologia na tabela BIOLOGIA, e no botão Superfície Branquial na janela MORFOLOGIA E FISIOLOGIA. Se clicar duas vezes sobre uma das linhas na tabela LISTA DE ESTUDOS DA SUPERFÍCIE BRANQUIAL poderá obter informações relativas ao estudo designado.
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Agradecimentos |
Quero agradecer ao Professor G. M. Hughes a sua prontidão de resposta, ao longo de todos estes anos, às minhas inúmeras questões sobre brânquias de peixes.
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Referências |
De Jager, S. and W.J. Dekkers. 1975. Relation between gill structure and activity in fish. Neth. J. Zool. 25:276-308.
Hughes, G.M. 1984. Measurement of gill area in fishes: practices and problems. J. Mar. Biol. Assoc. U.K. 64:637-655.
Hughes, G.M. and M. Morgan. 1973. The structure of fish gills in relation to their respiratory function. Biol. Rev. 48:419-475.
Longhurst, A. and D. Pauly. 1987. Ecology of tropical oceans. Academic Press, San Diego. 407 p.
Palzenberger, M. and H. Pohla. 1992. Gill surface area of water-breathing freshwater fish. Rev. Fish Biol. Fish. 2:187-216.
Pauly, D. 1979. Gill size and temperature as governing factors in fish growth: a generalization of von Bertalanffy's growth formula. Ber. Inst. Meereskd. Christian-Albrechts Univ. Kiel No. 63, xv + 156 p.
Pauly, D. 1981. The relationship between gill surface area and growth performance in fish: a generalization of von Bertalanffy's theory of growth. Meeresforsh./Rep. Mar. Res. 28(4):251-282.
Pauly, D. 1994. On the sex of fish and the gender of scientists. Chapman and Hall, London. 250 p.
Daniel Pauly
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