A tabela DIETA

A tabela DIETA

Os peixes desenvolveram morfologias especializadas para a recolha de alimento.

A frequência de ocorrência não descreve a dieta

O conhecimento da composição da dieta de uma espécie de peixe num local específico é útil para conhecer a sua função e impacto ecológico, para construção de modelos de ecossistema (veja a Caixa 18) e para ajudar a definir os requerimentos nutricionais de potenciais espécies de aquacultura. Na FishBase, os dados da tabela DIETA são também utilizados para estimar os níveis tróficos das espécies (veja a Caixa 21).

Por outro lado, a maior parte dos peixes demersais ou escavadores de fundo, desenvolveram métodos especiais de captura de alimento. Aqueles que revolvem o substrato, aspiram materiais contendo alimento, ou consomem vegetais aquáticos, vivem na sua maioria perto do fundo e desenvolveram morfologias especiais adaptados a estes comportamentos. (ver ex. de Groot 1981 para peixes assimétricos). Técnicas de alimentação mais especializadas incluem peixes que dependem de outros organismos para se alimentarem, isto é, os parasitas, comensais, limpadores ou necrófagos. Peixes com tipo de alimentação variável também existem (ver ex. Tiews et al. 1972 sobre os hábitos alimentares dos leiognatídeos). A escolha "outros" é para peixes com comportamentos alimentares especiais que não se encontram na lista de escolhas. Nesses casos, o tipo de alimentação especial encontra-se indicado no campo Notas.

A frequência de ocorrência não descreve a dieta

Existe um número enorme de referências na literatura que fornecem a informação, em termos de frequência de ocorrência dos itens de alimentos nos estômagos, que alguns leitores podem achar que fornecem dados úteis sobre a composição das dietas. No entanto, a frequência de ocorrência não é um bom indicador de quanto um item alimentar contribui para a dieta de uma determinada espécie de peixe. Por exemplo, um pequeno copépode que ocorre em 50% dos estômagos examinados, pode contribuir muito menos para a dieta, do que um grande poliqueta que é encontrado em apenas 20% dos estômagos. Os diversos índices aplicados aos dados de frequência de ocorrência não remedeiam esta falha básica e bastante confusa do assunto. Os revisores deviam rejeitar manuscritos submetidos sobre conteúdos alimentares, que não contribuem para a dieta em termos de peso, volume ou energia.

 
Fontes

Limitámos as nossas entradas a relatórios quantitativos (peso ou volume) que não sofrem da falha acima descrita. Os registos desta tabela apenas entram em consideração com dados obtidos na natureza e não em condições experimentais. Assim, a maioria da informação que entrou na tabela DIETA, foi obtida das referências seguintes: Stevens (1966), Randall (1967), Hobson (1974), Armstrong (1982), Laroche (1982), Sano (1984), Randall (1985), Gonzalez & Soto (1988), Sierra et al. (1994) e Valtysson (1995).

Os dados de Dieta foram compilados para mais de 800 espécies. Gostaríamos de ter dados de dieta referentes a tantas espécies de peixes ósseos quanto possível, e agradecemos separatas para espécies sobre as quais ainda não temos indicações.

Estado

As classificações taxionómicas dos itens alimentares de mais de 1700 registos na tabela composição da dieta, foram unificados através do "Taxonomic Code" do "National Oceanographic Data Center" (NODC) de Hardy (1993), da Lista Taxionómica outorgada de Ciências Aquáticas e sistemas de informação de pescas (Luca, 1988), e Barnes (1980). Inconsistências podem ser reveladas na classificação funcional de alguns itens alimentares animais. Tentamos reduzir ao máximo as inconsistências, deduzindo o grupo funcional de um item alimentar, a partir do habitat e do comportamento de uma determinada espécie de peixe.

 
Campos
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
Os itens alimentares são classificados em quatro níveis, de grande grupo até à espécie

A tabela dieta consiste nos campos seguintes:

Estádio: O campo estádio do peixe amostrado (escolha) tem quatro opções; i.e., larva; juvenil; adulto; juvenil e adulto (opção quando o estádio de vida não está especificado), adulto.

Número: O número de peixes amostrados, a % de estômagos vazios é apresentada quando disponível.

Localidade: O campo localidade refere-se ao local onde o estudo foi feito, também indicado pelo campo país.

Meses de estudo: Aparecem sob a forma de campos seleccionados e definem o período do ano em que as amostras foram obtidas. Esta informação pode ajudar a identificar a presença ou abundância específica do item alimentar no habitat.

Notas: O campo Notas é usado para observações subsequentes requeridas se a opção "outros", nos campos de escolha dentro deste quadro for clicada, ou para informar, dar mais explicações e/ou descrever um item particular de alimentação.

Alimento I, II, III: Para acomodar o leque de informação encontrado na literatura, os itens alimentares são classificados em três categorias, de agrupamentos muito gerais no Alimento I até grupos taxionómicos no Alimento III (veja a tabela ALIMENTOS e a caixa 22 neste volume para mais informações sobre a hierarquia). Finalmente, a família, género, ou espécie dos itens alimentares podem ser especificados no texto (pressionando o botão Mais quando disponível). Se os volumes foram recalculados este campo indica ainda a percentagem original de contribuição do alimento para o regime alimentar.

Estádio da presa: Este campo refere-se ao desenvolvimento do alimento animal, i.e., ovos; larvas; juvenis; adultos; juvenis e adultos; ou a uma parte específica de um alimento vegetal, i.e., folhas; estames; raízes; frutos. A opção "Não Especificado" existe para casos em que o Estádio não está definido.

% da dieta: Campo (numérico) que se refere à percentagem em peso ou volume com o qual um item alimentar contribui para o conteúdo estomacal de um peixe. As diferentes percentagens dos diferentes itens, quando adicionadas devem perfazer 100%. Os itens não identificados no conteúdo estomacal são excluídos antes do cálculo da percentagem. Os registos podem também ser visualizados sob a forma de gráficos "queijo" clicando no botão gráfico na parte superior da janela (Fig. 31).


Fig. 31. Dieta em % de volume ou peso de Oreochromis niloticus niloticus no Lago Awasa.

 
Como chegar lá

Chega-se à tabela dieta clicando no botão Biologia na tabela ESPÉCIES, no botão Ecologia trófica na tabela BIOLOGIA e no botão Composição da Dieta na janela ECOLOGIA TRÓFICA. Clicando duas vezes sobre umas das linhas na tabela COMPOSIÇÃO DA DIETA pode obter informações relativas ao estudo do regime alimentar designado.

Referências

Armstrong, M.J. 1982. The predator-prey relationships of Irish Sea poor-cod (Trisopterus minutus L.), pouting (Trisopterus luscus L.), and cod (Gadus morhua L.). J. Cons. CIEM 40 : 135-152.

Barnes, R.D. 1980. Invertebrate zoology. 4ème édition. JMC Press, Inc., Quezon City, Philippines. 1089 p.

de Groot, S.J. 1984. Dutch observations on rare fish and Crustacea in 1981. Annales Biologiques (Copenhagen) 38 : 206.

de Luca, F. 1988. Taxonomic authority list. Aquatic Sciences and Fisheries Information System Ref. Ser. No. 8, 465 p.

Gonzalez, G.D. y L.A. Soto. 1988. Hábitos alimentícios de peces de depredadores del sistema lagunar Huizache-Caimanero, Sinaloa, México. Inst. Cienc. Del Mar y Limnol. Univ. Nal. Autón. México 15(1) : 97-124.

Hardy, J.D. 1993. NODC taxonomic code links biology and computerized data processing. Earth System Monitor 4(2) : 1-2.

Hobson, E.S. 1974. Feeding relationships of teleostean fishes on coral reefs in Kona, Hawaii. Fish. Bull. 72(4) : 915-1031.

Laroche, J.L. 1982. Trophic patterns among larvae of five species of sculpins (Family : Cottidae) in a Maine estuary. Fish. Bull. 80(4) : 827-840.

Randall, J.E. 1967. Food habits of reef fishes of the West Indies. Stud. Trop. Oceanogr. Miami 5 : 665-847.

Randall, J.E. 1985. Guide to Hawaiian reef fishes. Harrowood Books, Newton Square, Pensylvania.

Sano, M., M. Shimizu e Y. Nose. 1984. Food habits of teleostean reef fishes in Okinawa Island, southern Japan. University of Tokyo Press, Tokyo, Japan. 128 p.

Sierra, L.M., R. Claro y O.A. Popova. 1994. Alimentacion y relaciones tróficas, p. 263-284. In R. Claro (ed.) Ecología de los peces marinos de Cuba. Instituto de Oceanología Academia de Ciencias de Cuba by Centro de Investigaciones de Quintana Roo, Mexico.

Stevens, D.E. 1966. Food habits of striped bass, Roccus saxatilis in the Sacramento-San Joaquin Delta, p. 68-96. In J.L. Turner y D.W. Kelly (compilateurs). Ecological studies of the Sacramento-San Joaquin Delta. Part II. Fishes of the Delta. Fish. Bull. 136.

Tiews, K., S.A. Bravo, I.A. Ronquillo y J. Marques. 1972. On the food and feeding habits of eight species of Leoignathus found in Manila Bay and San Miguel Bay. Indo-Pac. Fish. Counc. 13(3) : 93-99.

Valtysson, H.T. 1995. Feeding habits and distribution of eelpout species Lycodes spp. (Reinhardt) (Pisces : Zoarcidae) in Icelandic waters. Postgraduate thesis, Department of Biology, University of Iceland, Reykjavik.

Maria Lourdes D. Palomares e Pascualita Sa-a