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A Organizaçãon das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) tem sido, desde o ínicio, um dos colaboradores mais importantes da FishBase (veja "Como nasceu a FishBase", neste volume). A FAO tem várias bases de dados tais como a de estatística de capturas, produção em aquacultura e introduções internacionais (Welcomme, 1988). A FAO utiliza a FishBase como um dos vários meios de tornar esta informação amplamente acessível.
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As capturas FAO
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Todos os países informam anualmente a FAO acerca dos quantitativos de capturas e de produção em aquacultura de espécies aquáticas, que os publica no Anuário das Estatísticas das Pescas, capturas e quantidades desembarcadas, respeitantes a pescas, crustáceos, moluscos, outros organismos aquáticos e algas (cf. FAO 1995). As estatísticas incluem registos de dados nacionais de pesca comercial, industrial ou de subsistência, Também incluem estatísticas de aquacultura. Os dados da FAO representam a biomassa equivalente às quantidades capturadas durante o período do ano abrangido (excepto para os mamíferos marinhos).
Apesar do esforço efectuado pela FAO para reunir informação segura das capturas em todo o mundo, devemos compreender que os dados apresentados nas estatísticas anuais dependem da capacidade dos próprios países em obter informação atempada e rigorosa do sector das pescas. As estatísticas de captura devem ser utilizadas com cautela devidos às diferenças existentes entre os vários países (veja Mariott 1984).
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As capturas aquícolas da FAO
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As estatísticas da produção em aquacultura têm sido publicadas pela FAO desde 1984 na FAO Fisheries Circular No. 815. Na oitava revisão, esta publicação faz o resumo da quantidade e valor da produção correspondente ao período 1985-1994 (FAO 1996a). Os dados representam a produção por deversas categorias como espécies, país e ambiente (i.e. cultura estuarina, dulçaquícola, maricultura). A informação é obtida a partir de estatísticas nacionais ou, quando esta não está completa, suplementada com informação proveniente de outras fontes como literatura especializada, revisões científicas e relatórios de consultores.
De modo a diferenciar correctamente as estatísticas de captura e desembarque dos dados de produção em aquacultura, deve ser mencionada a definição de aquacultura e dos produtos:
"Aquacultura é o cultivo de organismos aquáticos incluindo peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas". O cultivo implica alguma forma de intrevenção no processo de criação de modo a aumentar a produção, tal como armazenamento regular, fornecimento de alimento, protecção de predadores, etc. O cultivo implica ainda a posse individual ou associativa do stock cultivado. Para fins estatísticos, contribuem para a aquacultura os organismos aquáticos pertencentes a um indivíduo ou associação que os tenha criado, enquanto que os organismos aquáticos que são explorados pelo público como um recurso natural, com ou sem licensas aproriadas, correspondem ao produto das pescas." (FAO 1997).
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Fontes |
A FAO está a distribuir o software FishStat PC e AQUACULT PC, que referem e analisam os registos de captura e produção desde 1950 a 1994 e de 1985 a 1994, respectivamente. Os dados das tabelas FAOCAPTURAS (FAOCATCH) e FAOAQUACULTURA (FAOAQUACUL) foram daí extraídos.
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Caixa 11. Distribuição latitudinal das capturas nominais.
Existem diferentes métodos para visualizar os dados de captura incorporados na FishBase, a partir das estatísticas da FAO. Uma das possíveis vias é através do gráfico capturas vs latitude (Fig. 10), que documenta a importância relativa das pescas e peixes tropicais vs temperados. Para se fazer uma interpretação correcta deste gráfico deve-se compreender as principais características e implicações dos padrões representados. Apenas estão incluídos os peixes cujo registo de captura se reporta à espécie, tanto na FAO (veja capturas FAO) como na tabela ESPÉCIES, e para os quais estão disponíveis os limites de latitude na FishBase. As capturas FAO utilizadas incluem 534 espécies de peixes ósseos e correspondem à média dos dados disponíveis nos últimos 5 anos (1990-1994 na FishBase 1997).
Os dados da tabela ESPÉCIES são apenas utilizados para as espécies sem registo de capturas FAO (por ex. 3.000t ano-1 para uma variação de 1.000 a 10.000t ano-1). Neste momento correspondem a apenas 62 espécies. Contudo esperamos que este número aumente à medida que o campo "capturas" da tabela ESPÉCIES for sendo preenchido.
Este ponto é importante uma vez que as capturas FAO são baseadas em relatórios dos países que habitualmente ignoram a quantidade de by-catch rejeitada (números impressionantes que rondam 27 milhões de toneladas por ano, cf. Alverson et al. 1994), capturas ilegais ou não registadas, e nos quais não são dentificadas as espécies de cerca de 50% das capturas mundiais, especialmente nas latitudes baixas.
Se estes aspectos fossem considerados, teriamos uma saliência nas latitudes compreendidas entre 20°N e 20°S, ao contrário do que se verifica neste gráfico cujo o máximo ocorre entre 60°-30°N. Esperamos que o futuro desenvolvimento da FishBase nos possibilite obter um gráfico correcto que revele a importância real das espécies tropicais nas pescas mundiais.
Referência
Alverson, D.L., M.H. Freeberg, S.A. Murawski and J.G. Pope. 1994. A global assessment of fisheries by catch and discards. FAO Fish. Tech. Pap. 339, 233 p.
Daniel Pauly
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Fig. 10. Distribuição latitudinal das capturas nominais por espécie. Veja a interpretação deste gráfico na caixa 11.
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Caixa 12. Comprimento médio dos peixes nas capturas por pesca.
As investigações pesqueiras nos últimos 50 anos foram consagradas, na sua maioria, à dinâmica das espécies-alvo das diversas pescarias, em particular às alterações da estrutura etária e do tamanho dos stocks, induzidos pela pesca. Se uma pescaria é avaliada como durável, então, as mudanças anuais na composição das capturas não devem exibir nenhuma tendência.
Entretanto, a exploração das comunidades multiespecíficas tem por efeito modificar a abundância relativa dos diferentes grupos funcionais nos ecossistemas que as abrigam (Fig.11). Em particular, as espécies de vida longa dos níveis tróficos altos tendem a ser substituídas pelas espécies efémeras mais pequenas, que se alimentam nos níveis tróficos mais baixos. Estas tendências reflectir-se-ão nas capturas in fine.
Depois da demonstração do declínio mundial nos níveis tróficos médios (Pauly et al. 1998), de que a ilustração resulta duma rotina FishBase (ver Fig. 4), desenvolvemos uma outra rotina que calcula o comprimento médio máximo dos organismos (peixes e invertebrados) capturados pela pesca de 1950 a 1997, poderado pelas capturas FAO, para todos os países e áreas FAO, e a sua combinação. A rotina utiliza um comprimento como a medida de "tamanho" em qualquer categoria estatística da tabela ISSCAAP, que é o comprimento máximo (standard) de cada espécie identificada como tal nas estatísticas FAO ou a média dos comprimentos máximos das espécies que compõem um grupo (gadoides, percas, etc.) Para os tubarões, o comprimento pré-caudal foi tomado como medida de tamanho e para as raias, a largura do disco. Da mesma maneira, os comprimentos dos invertebrados são aqueles que traduzem melhor o tamanho do corpo, quer dizer, excluindo os apêndices. No caso presente, foi utilizada a largura, particularmente, para os caranguejos e a maioria dos bivalves. São indicadas todas as referências das fontes dos tamanhos máximos.
Como ilustrado pela figura 12, é verificado em muitos países um declínio do tamanho máximo dos organismos desembarcados. E mais, a tendência da figura 12 está, provavelmente, sub-estimada, visto que ela não tem em conta a redução do comprimento médio no interior da espécie, uma tendência que põe em evidência as análises individuais de cada espécie com interesse económico.
Existe uma rotina na FishBase 99 que produz um ficheiro Excel que contém os nomes ISSCAAP, o nível trófico e os tamanhos máximos. Os gestores das pescas podem assim inserir os seus dados de capturas na categoria ISSCAAP apropriada e criar gráficos de séries cronológicas do nível trófico e dos tamanhos máximos, como indicadores da perenidade da pescaria analisada
Referência
Pauly, D., V. Christensen, J. Dalsgaard, R. Froese & F. Torres, Jr. 1998. Fishing down the food webs. Science 279: 860-863.
Daniel Pauly e Villy Christensen
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ISSCAAP |
A categoria básica utilizada nas estatísticas da FAO é o "item espécies" que representa uma planta ou animal aquáticos ao nível da espécie, género, família ou sub-ordem. Existem cerca de 1.022 categorias que seguem a nomenclatura da International Standard Statistical Classification of Aquatic Animals and Plants (ISSCAAP).
Convém salientar que apenas existe correspondência entre uma categoria e uma espécie da FishBase quando o "item espécies" se refere a uma única espécie.
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Caixa 13. Análise das estatísticas de pesca utilizando pirâmides tróficas.
O banco de dados sobres as estatísticas das pescas mundiais da FAO, que figura na FishBase pode servir para mostrar que a composição das capturas mudou conssideravelmente desde od anos 50. Em particular, os tamanhos médios diminuiram (quadro 12) assim como o nível trófico dos exemplares desembarcados (Fig. 4). Assim, como afirmam Pauly et al. (1998), "A pesca desce nos níveis tróficos marinhos" (note o jogo de palavra, também intencional no título original em inglês "Fishing down the food webs"). Isto pode ser estudado e ilustrado por uma rotina recentemente elaborada que fornece para toda uma série temporal de dados de capturas multiespecíficas (como na Fig.11), uma pirâmide das capturas consoante o nível trófico entre o nível 2 (herbívoros) e o nível 5 (ver o quadro 21 sobre a definição detalhada dos níveis tróficos nos peixes). Esta rotina pemite comparar dois intervalos de tempo, escolhidos pelo utilizador, numa série temporal e de os representar, respectivamente, sobre a parte esquerda e direita duma pirâmide trófica.
O método de construção da pirâmide reflete o erro-standard na determinação do nível trófico (a partir da tabela ISSCAAP). Definimos as distribuições triangulares (a base do triângulo é o nível trófico médio de cada grupo ± 2 vezes o desvio-padrão) para atribuir a uma captura global dum determinado nível trófico (definido pelo seu desvio-padrão), os níveis tróficos correspondentes (todos os níveis tróficos possíveis estão compreendidos entre 2 e 5 porque todos os valores mais baixos que 2 e mais altos que 5 , o desvio-padrão é considerado nulo). O conjunto destes dois constrangimentos limita o intervalo dos níveis tróficos entre 2 e 5, nomeadamente para a representação gráfica das pirâmides.
A Fig.13 mostra a pirâmide obtida para o Atlântico Norte (zonas 21 + 27 da FAO). À esquerda (abssissas negativas) estão representadas as capturas dos anos 50 e à direita (abssissas positivas) as capturas mais recentes (1997). É de notar o aumento global das capturas dos últimos anos, a diminuição absoluta e relativa dos predadores de topo, o forte aumento das capturas nos níveis tróficos inferiores e o desenvolvimento da pesca dos invertebrados.
Referência
Pauly, D., V. Christensen, J. Dalsgaard, R. Froese e F. Torres, Jr. 1998. Fishing down the food webs. Science, 279(5352): 860-863.
Rainer Froese, Francisco Torres, Jr. e Daniel Pauly
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Os dados de captura e produção FAO podem ser visualizados em tabelas e gráficos, agrupados de acordo com o:
País Captura/produção nominal por item espécies, registadas para um determinado país.
Item espécie Captura/produção nominal por país, registada para a espécie seleccionada.
Área FAO Captura/produção nominal por espécie ou país, registada para a área estatística FAO seleccionada.
Código ISSCAAP Captura/produção nominal por país, registada para um grupo de espécies seleccionadas e identificadas com um código ISSCAAP. Os items espécies podem ser seleccionados utilizando uma das quatro opções usadas pela FAO: nome científico, inglês, francês ou espanhol. (para consultar uma lista FAO de nomes científicos e comuns das espécies, veja FAO 1996b).
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Fig. 11. Série cronológica da composição das capturas no Canadá Atlântico. Notar a descida das capturas de bacalhau nos anos 90.
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Fig. 12. Série cronológica das capturas totais e do tamanho máximo médio das espécies (em cm) das capturas no Canadá Atlântico. Notar o aumento das capturas das espécies mais pequenas durante os anos 90.
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Fig. 13. Pirâmide trófica das capturas no Atlântico Norte (zonas FAO 21 e 27) em 1950 (esquerda) e 1997 (direita). Notar o declínio dos peixes dos níveis tróficos altos (por exemplo, a pescada) e o aumento dos invertebrados.
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Como chegar lá |
Pode ter acesso às tabelas Capturas FAO, Aquacultura FAO, Áreas FAO e ISSCAAP clicando o botão Relatório no Menu Principal, o botão Estatísticas FAO janela RELATÓRIOS PRÉ-DEFINIDOS. Também pode ver as respectivas Espécies, Países e Áreas FAO.
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Referências |
FAO. 1995. FAO yearbook: Fishery statistics - Catches and landings 1993. Vol. 76. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy. 687 p.
FAO. 1996a. Aquaculture production statistics 1985-1994. FAO Fisheries Circular No. 815, Rev. 8. 189 p. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy.
FAO. 1996b. FAO standard common names and scientific names of commercial species (in alphabetical order). Fishery Information, Data and Statistics Unit. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy. 143 p.
Mariott, S.P. 1984. Notes on the completion of FAO form FISHSTAT NS1 (National Summary). Fishbyte 2(2):7-8.
Pauly, D., V. Christensen, J. Daalsgard, R. Froese et F. Torres, Jr. 1998. Fishing down the food web. Science 279, 860-863.
Welcomme, R.L. 1988. International introductions of inland aquatic species. FAOFish. Tech. Pap. 294. 318 p.
Jan Michael Vakily
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